ilustração do arbusto giesta

Giesta Amarela - Cytisus striatus. Ilustração: Portugal Traditions.

Giesta, o canivete suíço dos arbustos

É tradicionalmente visto como mato, mas a Giesta teve e ainda tem uma série de funções ligadas à agricultura, à saúde e até ao oculto, que a fazem merecer uma melhor reputação.

A GiestaCytisus striatus – é uma planta arbustiva pertencente à família das Fabáceas (leguminosas) que pode atingir os três metros de altura. A sua floração acontece entre abril e junho e as flores podem ser amarelas ou brancas que, posteriormente, dão origem a um fruto semelhante a uma vagem de ervilha, embora mais pequeno e achatado.

É um arbusto autóctone da Península Ibérica e do Noroeste de Marrocos, mas é possível encontrá-la também na América do Norte devido à introdução humana. Em Portugal, é possível encontrá-la em quase todo o país, exceto no Sotavento e Barlavento algarvios e na Serra da Arrábida.

giesta amarela em flor

Giesta amarela em flor.

Brancas e amarelas

A Giesta é uma espécie rupícola, pelo que não é muito exigente com o solo. Gosta deles ácidos e arenosos, sejam graníticos, xistosos ou quartzíticos. É frequente vê-la medrar na berma dos caminhos no campo ou nas serras, junto de aflorações rochosas, escarpas e na orla das florestas.

Por ser uma leguminosa, a Giesta tem a capacidade de retirar o azoto da atmosfera e  retê-lo no solo, o que a torna numa planta boa para fertilizar a terra. Entre as práticas da agricultura tradicional era frequente usá-la como fertilizante verde, enterrando-a nos locais onde seriam feitas, posteriormente, sementeiras.

É um arbusto que se identifica bem pelos seus ramos flexíveis e folhas pequenas e estreitas. Por vezes, a Giesta ocupa grandes áreas, o que na época de floração dá origem uma paisagem pintada de amarelo. Porém, não se confunda com a Acácia, uma espécie invasora, também de flor amarela, que está presente em cada vez mais regiões do país.

Quando a paisagem é branca, é porque está-se na presença da sua familiar Cytisus multiflorus – Giesta branca. A maior diferença entre ambas está no período de floração. A floração da Giesta branca prolonga-se até setembro.

flor da gista amarela

Pormenor da flor de Giesta. Foto: Rui Gaiola.

De adubo a espanta espíritos

A Giesta é desde os primórdios até ao presente usada para várias funções que vão do mais prático ao esotérico.

  • Dá ótimas vassouras
    Tradicionalmente, os ramos da Giesta eram muito utilizados para fazer vassouras. É curioso que na língua inglesa, as plantas do género Cytisus tem o nome comum broom – vassoura – e a Giesta amarela é designada como “Portuguese broom” – vassoura portuguesa –, em referência à sua proveniência geográfica.
  • Cama dos animais
    Em pocilgas, bardos e galinheiros, a Giesta era e ainda é usada como "cama". Ao fim de alguns dias é retirada e usada, posta a compostar e após fermentada, é usada como fertilizante.
  • Acendalha
    Era e é ainda usada para aquecer os fornos a lenha para cozer pão e pratos tradicionais de cabrito e borrego.
  • Remédio Natural
    Na giesta branca, as flores desidratadas são usadas para fazer infusões que são conhecidas pelos seus benefícios diuréticos. É muito usada nos tratamentos “detox” devido à sua função eliminadora de líquidos do organismo, e é também usada como remédio natural para combater problemas de obesidade e celulite.
  • Espanta espíritos
    A Giesta tem ainda outra função na cultura tradicional do folclore português. No norte de Portugal, é tradição exibir e pendurar um ramo de Giesta no dia 1 de maio, seja nas portas ou nas janelas das casas e em outros edifícios ou até em animais e nos meios de transporte. É considerado um amuleto da sorte e uma proteção contra o carrapato, figura representativa do demónio e o mau-olhado. Por esta razão, a Giesta é também conhecida no norte do país por “maia” ou “maios”.

@iNature | junho2024.